sábado, 30 de junho de 2012

COISAS PEQUENAS



     As vezes as coisas pequenas nos passam inteiramente despercebidas. Mas se prestarmos atenção veremos que elas dão o meio tom na vida. Observe uma fotografia, uma pintura e até mesmo um bordado. Se não tivessem os meios tons as cores predominantes não seriam realçadas e não haveria harmonia na arte final.

Florzinhas do campo - Capadócia - Turquia
      Coisas pequenas podem ser observadas na natureza – uma pequena flor, o musgo, os insetos, pedrinhas, etc. Pode não parecer mas as coisas pequenas são o termometro de um relacionamento; quando elas deixam de acontecer o amor, respeito, gentileza, amabilidade, bondade, vão desaparecendo. Pequenas palavras amáveis, pequenos gestos que demonstram carinho, atenção e cuidado tornam a vida mais harmoniosa – ressaltam as cores da vida.

        Penso que as mães são especialistas em coisas pequenas que as vezes nos passam despercebidas. Para mim é um conforto lembrar de pequenos gestos  da minha mãe, que aconteceram há muito tempo...

Nestes dias me ocupei em fazendo coisas pequenas e para gente pequena.







O caderno de Balet para minha amiguinha Vivi.


 Toalhinhas de mão em patch apliquê. 



Almofadinhas de tricô com flores. Fiz as almofadas em cordões de tricô com linha Anne dupla.  Coloquei  48 malhas na agulha e fui tecendo até ficar do tamanho da almofada - faça menor lembrando que o tricô espicha.


FLOR DE TRICÔ

Feita em ponto cordões de tricô.
Coloque  80 malhas na agulha.
Faça até ter 6 carreiras de cordões de tricô
Na próxima carreira faça 10 pontos, torça a peça para dentro; faça mais 10 pontos  – continue assim até o final. O movimento de torcer o trabalho vai formar as pétalas.
Faça mais uma carreira em tricô. Arremate.
Com linha e agulha faça o acabamento da flor. Coloque uma conta como miolo.

As flores são sempre feitas com 80 malhas o que torna uma flor maior ou menor é a grossura da linha ou lã usada.

domingo, 10 de junho de 2012

BORDANDO A VIDA



Da esquerda: Ester, Zélia, Elza, Eunice
      Fazendo uma retrospectiva vejo que a arte de bordar sempre fez e faz parte da vida de muitas mulheres em minha família. Mulheres de Minas que tecem no bordado sua história, na realidade simples de suas vidas. Mulheres de famílias autossustentáveis e autodidatas onde o conhecimento era passado dos mais velhos para os mais novos. Mulheres calejadas nas precisões da vida, que aprenderam nas dificuldades a se contentarem com pouco, a não desperdiçar nada, a transformar tudo em algo útil. Mas pagaram um preço pela vida contida. Há nelas uma certa dureza e muitas vezes colocam o dever acima de si mesmas. Aprenderam a desconfiar dos sonhos e a se realizar nos outros, na doação, no serviço. Mas, no deserto de suas vidas uma flor insiste em brotar, uma flor que muitas vezes é revelada em seus bordados.

      Minha família é muito simples, do interior, da roça. Uma família com valores claros, definidos. Com grande fé em Deus e coragem para trabalhar e vencer as dificuldades da vida. A vida dura não deixava muito espaço para a beleza. Mas as mulheres da família semeavam beleza nas flores do jardim e nos bordados. Somos mulheres fortes e frágeis. Que se deixaram levar pela vida e por circunstâncias que não podiam ser vencidas no momento, mas que no silêncio e no trabalho alcançaram a vitória e foram muito além do que as limitações da vida e cultura lhes permitiam. Mulheres que venceram barreiras e deram significado às suas vidas. Que, de muitas formas, estiveram à frente do seu tempo, sem fazer alarde. Somos sobreviventes, resistentes.  Sempre procurando conservar o espírito jovem, tendo motivação para viver, abrindo-se para a vida. Vida que muitas vezes nos levou por caminhos que nunca pensamos trilhar, sem deixar que o tempo e as mudanças nos abatam. Nosso corpo envelhece, enfraquece, nossa alma cresce. Muito desta força foi, e é, tecida em nossos bordados. Bordamos nossas alegrias e tristezas; bordamos para assimilar os golpes da vida; bordamos como forma de recolhimento para achar forças para o passo seguinte.

          Bordamos a vida... o bordar é tão mágico quanto ler um bom livro. Ambos nos levam a um mundo diferente – mundo das letras e imaginação, mundo dos pontos e cores criando beleza. Minhas irmãs fizeram e fazem o tecido, o bordado, da minha vida. Aprendi muito com elas.

     Enfim, bordar para nós é lazer, descanso, exercício de criatividade para o cérebro, forma de oração, recolhimento em si mesma para vencer as dificuldades da vida.  Assim vamos nós bordando a vida. Num trabalho em que o espiritual e o emocional se entrelaçam nesta atividade humana. Bordar a vida é para nós uma forma de encontrar o divino e costurar os contrários em nós.

     Não tive a oportunidade de ver muitos bordados antigos, mas existe esta bela toalha de bordado vazado feita por tia Lia. Tia Lia nasceu em 1888 e era a filha mais velha dos meus avós paternos. Ela mesma desenhava o risco. Esta toalha ela bordou para as bodas de ouro dos pais, em 1936. É interessante que olhando algo que ela bordou posso sentir um pouco de sua vida e de como era ser mulher na época em que ela viveu, pois, sempre revelamos um pouco de nós naquilo que fazemos.

Toalha de mesa feita pela Ester.


Ester, minha irmã mais velha, borda ponto cruz e é especialista em bordado livre. Aprendi a costurar com ela.








Jogo de cozinha feito pela Zélia



A Zélia faz de tudo um pouco, mas sua especialidade é o ponto cruz e crochê.












A Elza borda belos quadros. O meu preferido é este sobre a natureza que ela me deu de presente.
Outro quadro da Elza


Almofada em patchwork crazy



Eu já fiz de tudo, mas atualmente minha paixão é o patchwork, especialmente o crazy e apliquê.



Rendo minha homenagem à todas as mulheres da família que bordam a vida.