No coração do mineiro tem sempre um trem...
Quando eu era
criança nosso meio de transporte era o trem, e ficou gravada na minha memória a
paisagem dos trilhos da estrada de ferro e uma estrada de terra na lateral.
Quando criança, viajando de trem, olhando a paisagem,
ficava um pouco tonta ao ver tudo passar rapidamente diante dos meus olhos e
sentidos... e eu, criança, ficava me
perguntando: Quem estava correndo, o trem ou o mundo?
Às vezes tinha uma cruz na beira da estrada como
recordação de que ali alguém perdeu a vida. Ali foi sua parada final em sua
última viagem nesta vida... E alguém, no desejo de preservar sua memória,
enfeitava a cruz com uma simples e triste coroa com flores de papel de seda...
Tão pobre como foi a vida da pessoa que ali morreu.
Assim foi tecida minha infância... à beira da estrada de
ferro, da estrada de chão batido... à beira do ribeirão... em meio às montanhas
de Minas. Montanhas onde ainda hoje posso descansar os meus olhos e curar minha
alma.
Não importa por onde já andei nesse mundo... Minha
criança interior ainda brinca nas montanhas, nos caminhos de ferro, nas
estradas de terra, de Minas Gerais.
| Rio Doce visto da janela do trem |
"Em Minas, tudo é dom; tudo tem um tom
e tudo nos fala de amor."
Pe. Fábio de Melo