Quem vive onde as estações do ano são bem marcadas têm a
oportunidade de poder vivenciar o espírito de cada uma e de certa forma aplicar
essa experiência na vida. Passando o outono no Canadá fico refletindo sobre o
efeito das estações do ano e da vida em nossa alma.
No outono canadense as árvores se vestem de cores.
Viajando pelas estradas ou mesmo caminhando pelas ruas fico pensando na
mensagem que as árvores coloridas me passam... No outono as árvores se vestem
de beleza, como quem vive sem o peso das vãs preocupações. Já deu sombra com
suas folhas, se vestiram com a alegria das flores na primavera, deu seus frutos
no verão e agora chegou o outono, e elas se vestem de beleza antes de dormir no
inverno... No outono elas podem saborear livremente a beleza da vida. Como
disse a Verinha, com quem eu partilhava estas coisas: “Vou vestir o meu vestido
vermelho e festejar”. “Festejar” no sentido de viver bem cada momento. E daí se
minhas folhas caírem? Vou aproveitar pra ficar mais leve.
Penso que também nossa vida é marcada por estações...
Muitas vezes estamos no outono da vida – seja pela idade ou por situações dolorosas
de perda ou doença que nos acontecem... Olhando as árvores eu penso: mas quem
disse que estar no outono é ruim ou triste? Outono é o tempo de tirar o fardo
dos ombros, não levar a vida tão a sério e festejar. Vestir o vestido vermelho,
laranja ou amarelo, e sair por aí transmitindo a leveza de poder ser quem sou.
Triste não é o outono da vida... Triste é se vestir de pessimismo, esperar o
pior, perder a confiança em Deus e no ser humano, condenar-se a morrer antes do
tempo e fazer da vida uma eterna reclamação – eu já fiz isto e não
gostei. A vida é um dom precioso que devemos tomar nas mãos com reverencia e
gratidão e procurar viver e fazer o bem até o fim.
"Vou vestir o meu vestido vermelho..." |
E daí se minhas folhas caírem? |
"Este
mundo em que vivemos tem a necessidade da beleza para não cair na desesperança.
A beleza, como a verdade é quem põem alegria no coração dos homens; é o fruto
precioso que resiste à usura do tempo, que une as gerações e as faz
comunicar-se na admiração". (Paulo VI)