sábado, 22 de outubro de 2016

A BELEZA DO OUTONO

Quem vive onde as estações do ano são bem marcadas têm a oportunidade de poder vivenciar o espírito de cada uma e de certa forma aplicar essa experiência na vida. Passando o outono no Canadá fico refletindo sobre o efeito das estações do ano e da vida em nossa alma.
No outono canadense as árvores se vestem de cores. Viajando pelas estradas ou mesmo caminhando pelas ruas fico pensando na mensagem que as árvores coloridas me passam... No outono as árvores se vestem de beleza, como quem vive sem o peso das vãs preocupações. Já deu sombra com suas folhas, se vestiram com a alegria das flores na primavera, deu seus frutos no verão e agora chegou o outono, e elas se vestem de beleza antes de dormir no inverno... No outono elas podem saborear livremente a beleza da vida. Como disse a Verinha, com quem eu partilhava estas coisas: “Vou vestir o meu vestido vermelho e festejar”. “Festejar” no sentido de viver bem cada momento. E daí se minhas folhas caírem? Vou aproveitar pra ficar mais leve.

Penso que também nossa vida é marcada por estações... Muitas vezes estamos no outono da vida – seja pela idade ou por situações dolorosas de perda ou doença que nos acontecem... Olhando as árvores eu penso: mas quem disse que estar no outono é ruim ou triste? Outono é o tempo de tirar o fardo dos ombros, não levar a vida tão a sério e festejar. Vestir o vestido vermelho, laranja ou amarelo, e sair por aí transmitindo a leveza de poder ser quem sou. Triste não é o outono da vida... Triste é se vestir de pessimismo, esperar o pior, perder a confiança em Deus e no ser humano, condenar-se a morrer antes do tempo e fazer da vida uma eterna reclamação – eu já fiz isto e não gostei. A vida é um dom precioso que devemos tomar nas mãos com reverencia e gratidão e procurar viver e fazer o bem até o fim.
"Vou vestir o meu vestido vermelho..."
E daí se minhas folhas caírem? 
"Este mundo em que vivemos tem a necessidade da beleza para não cair na desesperança. A beleza, como a verdade é quem põem alegria no coração dos homens; é o fruto precioso que resiste à usura do tempo, que une as gerações e as faz comunicar-se na admiração". (Paulo VI)

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